Produção do CE cresce mais que a do País no 1º trimestre

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A indústria cearense apresentou, no primeiro trimestre, expansão de 1,2% na produção física, em comparação com o igual período de 2013, resultado superior à média nacional (0,4%). Setorialmente, destacam-se o ritmo de expansão da indústria de vestuário (20%), petróleo, derivados e álcool (16,5%), produtos de metal (9,1%), bebidas (9,1%) e alimentos (9%). As informações são do Panorama Industrial de maio, divulgado, ontem, pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial (Indi), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).

O Produto Interno Bruto (PIB) cearense apresentou expansão de 3,4% até o terceiro mês deste ano, enquanto o PIB brasileiro cresceu 2,3% em igual período. O desempenho da economia cearense foi influenciado positivamente, segundo o panorama, pela expressiva taxa de expansão da indústria, de 5,6%, com destaque para a extrativa e os serviços industriais de utilidade pública.

DESEMPENHO

No primeiro trimestre de 2014 foram criados 3.522 novos empregos no Ceará, uma variação de 0,3%. Responsável por 63,8% dos novos postos de trabalho, a indústria foi influenciada pelos bons resultados da construção civil, enquanto a indústria de transformação apresentou redução de empregos.

Com relação ao comércio exterior, nos três primeiros meses de 2014, o Ceará foi o terceiro maior exportador do Nordeste, exibindo crescimento de 16% frente a igual período de 2013, elevando participação no total exportado pelo País, de 0,54% para 0,65%. O setor calçadista continua líder na pauta de exportação do Estado, seguido por óleo combustível, frutas e couros. No período, o setor industrial foi responsável por 79,2% do valor exportado pelo Ceará.

A economia cearense tem apresentado taxas de crescimento superiores à do País, beneficiando os setores que atendem o mercado interno. Entretanto, na visão do economista do Indi, Guilherme Muchale, “a indústria não pode depender apenas do mercado interno, tornando importante a elaboração de estratégias de internacionalização de nossa indústria, com foco no ganho de competitividade para exportações dos produtos industriais cearenses”, ressaltou.

“Já levando em consideração a sazonalidade, a rápida desaceleração da produção industrial, no 1° trimestre do ano, reflete o comportamento ruim das vendas do comércio varejista no final de 2013, tanto no Ceará, quanto no País, gerando menor demanda por produtos industriais no início de 2014”, avaliou Muchale. Entretanto, o volume de vendas no comércio foi ampliado neste primeiro trimestre, acumulando crescimento de 7% nos três primeiros meses, “o que deve acelerar a produção industrial para suprir a demanda, sobretudo das áreas em que as vendas do comércio apresentaram maior expansão, como é o caso de móveis, artigos farmacêuticos e cosméticos, material para escritório e produtos do vestuário”, destacou o economista, acrescentando que será determinante, para o ritmo de expansão da indústria, a participação dos produtos importados, “que têm crescido e podem fazer com que a indústria não cresça em ritmo idêntico ao comércio”, alerta.

CUSTO OPERACIONAL

Ao falar do peso da recente alta da luz (16,16%) para a indústria, Guilherme aponta que, nacionalmente, os custos de energia e combustíveis representam aproximadamente 5% dos custos de operações da indústria de transformação. “Entretanto, existem setores intensivos em energia elétrica que têm sua competitividade drasticamente afetada, entre eles a indústria têxtil. Além de já sofrer dura concorrência de produtos importados, e com elevação de custos decorrentes do excesso de burocracia, da alta tributação e má qualidade da infraestrutura nacional, também terá seus custos de produção onerados em um importante insumo de sua cadeia produtiva, a energia elétrica”, enfatizou Muchale. Por outro lado, ele avalia que a indústria de calçados e de confecções, por utilizar menor quantidade de energia, consequentemente, será afetada em menor grau por este reajuste.

COMPETITIVIDADE MERECE MAIS ATENÇÃO DO GOVERNO E DA SOCIEDADE

O economista destaca, ainda, que o comportamento do setor industrial está intimamente ligado à competitividade do setor, merecendo a atenção não só do governo, mas de toda sociedade, “uma vez que a competitividade de nossa indústria está ligada não só a ações governamentais para diminuição da burocracia, investimentos em infraestrutura, diminuições da carga tributária e apoio à inovação, mas também a criatividade e inventividade de nossa população e a busca de todos os entes da sociedade por avanços no desenvolvimento sustentável do Ceará”.

Nesse sentido, “o Sistema Fiec tem feito sua contribuição, desenvolvendo uma série de projetos em prol de uma sociedade mais desenvolvida e justa”, ponderou o economista, adiantando o lançamento dos resultados do projeto Setores Portadores de Futuro para o Ceará, na próxima segunda-feira, dia 26, às 18 horas, na sede da Fiec. Segundo ele, a publicação traz a construção coletiva de uma visão de futuro para a indústria cearense, que contou com a participação de mais de 250 especialistas do setor produtivo, governos estadual e municipais, academia e terceiro setor, indicando setores e áreas prioritárias que são consideradas estratégicas para o desenvolvimento industrial do Estado e de suas regiões, tendo em vista o horizonte temporal de 2025.

PERSPECTIVAS

Com relação ao ano em curso, a previsão de crescimento, no entanto, foi reduzida. “Prevíamos um crescimento próximo a 4% para o ano de 2014, tanto para a economia cearense, como para a indústria. Entretanto, esta situação só se concretizará se houver a ampliação dos investimentos públicos previstos para o orçamento deste ano. Como o ritmo de expansão da economia nacional tem apresentado redução, é possível que isso se reflita no crescimento do Ceará, mantendo o nosso em patamares mais próximos de 3%”, finalizou Guilherme Muchale.

FONTE: JORNAL O ESTADO