Atacado do Ceará faturou R$ 1,93 bilhão em 2013

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As 22 empresas cearenses que participaram do ranking da Abad se expandiram 15,3% frente a 2012

Indo na contramão das tendências que mostram desaceleração da economia, o segmento atacadista distribuidor registrou, no ano passado, crescimento real de 4,4% em relação a 2012 – ano em que foram alcançados 2,5% –, atingindo faturamento de R$ 197, 3 bilhões.

Em 2013, o setor foi responsável por 52% da movimentação do mercado de mercearias do País, o qual compreende produtos de uso comum das famílias, como alimentos, bebidas e itens de higiene e cuidados pessoais.

O Ceará permanece na 5ª posição, dentro da classificação regional de faturamento, com R$ 1,93 bilhão em 2013, atrás dos estados de Pernambuco, Bahia, Paraíba e Piauí. Os dados são do ranking realizado anualmente pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), divulgados ontem, em São Paulo. A entidade reúne 488 empresas do ramo de distribuição no atacado, que fornecem, voluntariamente, as informações para a pesquisa.

O crescimento do setor é explicado, segundo o economista e pesquisador da Fundação Instituto de Administração (FIA), Nelson Barrizzelli, pela manutenção do cenário macroeconômico que se desenha desde 2006 e pelo surgimento de mais pontos de venda das categorias de varejo tradicional e de vizinhança. “Ocorreu uma mudança no comportamento do consumidor no sentido de comprar mais produtos de uso contínuo nos supermercados mais próximos de casa, esse é o típico varejo de vizinhança, que cresceu, em 2013, 12,2%”, explica Barrizzelli.

A categoria de autosserviço, representada pelos supermercados que têm entre 500m² e 2.000m² e que possuem entre 5 e 20 checkouts, também apresentou crescimento de 12,2%, segundo a pesquisa.

Interiorização

Dentro deste crescimento, o diretor de Atendimento ao Varejo da Nielsen, Olegário Araújo, destaca a interiorização da economia como fator que tem impulsionado o atacado. “Se compararmos o período entre 2009 e 2013, enquanto a capital cresce 1,6%, o interior cresce 4%. Nessa tendência, o setor atacadista está cada vez mais próximo do varejo, entendendo as peculiaridades de cada área”, acrescenta, reforçando a pulverização do atacado.

O trabalho de capacitação do cliente varejista também é apontado, pelo presidente da Abad, José do Egito Frota Lopes, como um fator atrativo para o consumidor final. “Se você for para o interior, vai encontrar lojas e supermercados que não deixam a desejar em relação às lojas de grandes redes nacionais e internacionais”, destaca. Para intensificar essa qualificação, segundo José, o setor continua investindo na estrutura dos pontos de atendimento e na diversificação dos produtos oferecidos, especialmente nas linhas de higiene pessoal, bazar e até mesmo material de construção.

No Ceará

Considerado referência no modelo de atacado no País, o Ceará acompanha a tendência nacional de crescimento do setor. As 22 empresas cearenses que participaram do ranking cresceram 15,3% frente a 2012. “Temos empresas que cresceram cerca de 25% no Estado”, diz o presidente da Abad, que também é diretor comercial da cearense Jotujé Distribuidora.

Regiões

A região do sul do Estado é a que mais cresce, segundo José do Egito, e a região norte começa também a ter bons resultados na área. Os principais gargalos para o desenvolvimento do atacado no Ceará são, de acordo com o presidente da Abad, a infraestrutura deficiente, as licenças ambientais e a demanda energética. “É muito difícil conseguir energia a tempo de abrir um negócio no Estado”, atesta.

Perspectivas

Durante este ano, a meta da Abad, segundo o presidente da entidade, é alcançar um crescimento de 3,5%, levando em consideração que o setor já apresentou evolução de 3% no primeiro trimestre. “A economia não está muito favorável, então, temos que ser bastante cautelosos com essas estimativas. Ainda assim, como nosso setor é muito otimista, acreditamos nesse índice, que já é bem acima do que o previsto pelo governo”, reforça.

Na visão de Olegário Araújo, entre os principais desafios do atacadista está a adaptação aos novos hábitos dos consumidores que surgem com a inflação, como a redução do consumo fora do lar, a busca maior por preços e promoções em diferentes lojas e a popularização das marcas mais econômicas. “Precisamos compreender a inflação, trabalhar para fazer a revisão do sortimento dos itens e atuar em conjunto com a indústria”, defende.

O presidente da Abad acrescenta, ainda, as mudanças trazidas pelo período eleitoral como fatores de importância no planejamento do setor para os próximos anos. A Abad possui uma série de projetos e solicitações que tramitam em Brasília, entre eles, o aumento de R$ 3,6 milhões para R$ 6 milhões anuais do Simples Nacional para os clientes varejistas, a inclusão do Representante Comercial Autônomo (RCA) na categoria de Simples e a criação de uma legislação específica para o setor.

FONTE: JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE