Brics buscam conhecimento mútuo para olhar o futuro

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No seminário realizado hoje, a Unifor busca “inserir o tema da cúpula do Brics na agenda de Fortaleza”

Começar a elaborar estratégias de fomento ao desenvolvimento e conhecer mais da visão que cada nação tem do futuro. É com esses dois principais objetivos que representantes dos cinco países emergentes que compõem o bloco econômico Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – estarão hoje em Fortaleza para o seminário prévio da VI Conferência de Cúpula do grupo, que está marcada para acontecer nos dias 15 e 16 de julho, no Centro de Eventos do Ceará.

De acordo com o embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov, o evento será importante para o amadurecimento dos próprios objetivos do Brics. “Essa troca de visões entre representantes dos países-membros do Brics, sobre como cada um vê o futuro, é importantíssimo, já que o grupo ainda está em processo de formação, de elaboração de uma estratégia para o futuro. Então, esse intercâmbio de opiniões vai ser muito proveitoso”, afirma. Realizado pelo Governo do Estado, Ministério das Relações Exteriores, Universidade de Fortaleza (Unifor) e Fundação Alexandre de Gusmão ((Funag), o seminário de hoje começa às 9h, no auditório da Biblioteca Central da Unifor, e contará com acadêmicos e intelectuais da área de relações exteriores.

Segundo o assessor para assuntos internacionais do Governo do Estado, Hélio Leitão, o seminário de hoje também tem como objetivo “inserir o tema da cúpula do Brics na agenda de Fortaleza”. “Trata-se de um assunto ainda distante da maior parte dos brasileiros. Assim, queremos envolver mais a população e iniciar as discussões que serão tratadas por aqui em julho”, explica.

Ontem, diversos representantes dos países-membros do Brics estiveram na Unifor para conhecer o local onde será sediado o evento preparatório para a VI Conferência de Cúpula do grupo. Os embaixadores da Rússia (Akopov), China (Li Jinzhang), África do Sul (Mphakama Mbete) e Índia (Ashok Tomar) no Brasil se mostraram satisfeitos com o que viram. Na ocasião, os mesmos foram recebidos pela reitora da Universidade, Fátima Veras, que destacou a importância de uma prévia discussão em ambiente acadêmico para o evento marcado para julho.

“Espero que, quando a cúpula estiver em Fortaleza, muitos já tenham tomado consciência da sua importância. É preciso entender o Brics e o papel que cada país tem nessa rede de relacionamento e de desenvolvimento nacional e global”, diz.

Centro de Eventos

Também nesta segunda-feira os representantes do Brics estiveram no Centro de Eventos para conhecer a infraestrutura local. Conforme o titular da Setur, Bismarck Maia, eles ficaram “impressionados” com o tamanho do equipamento. “Eles nunca tinha visto o local e isso era uma preocupação que eu tinha. Felizmente, tudo teve uma aceitação muito grande”, disse. “Eles afirmaram que, de fato, o equipamento tem porte internacional”. Bismarck ainda disse que, a pedido dos embaixadores, as delegações terão suporte de comboios para a liberação do trânsito.

Expectativa de reunir 700 empresários em fórum

No que depender da classe empresarial, do ponto de vista de negócios, as expectativas para a próxima cúpula dos Brics, a ser realizada na Capital cearense em julho próximo, são as mais otimistas possíveis.

Segundo a representante da Federação Nacional das Indústrias (CNI), Michelle Queiroz, coordenadora do projeto criado para o grande evento internacional, a entidade espera reunir entre 600 e 700 empresários dos países integrantes do bloco, em um fórum programado para o primeiro dia do encontro.

“A nossa proposta é estabelecer uma rodada de negócios, que estamos chamando de business networking, a fim de promover a aproximação entre os empresários. Para isso estamos formulando algumas recomendações para os chefes de Estado no sentido de incrementar o volume de negócios hoje existente entre as nações que fazem parte dos Brics”, destacou, durante encontro na noite de ontem na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), reunindo lideranças empresariais cearenses, os embaixadores da Rússia, China, Índia e África do Sul e ainda o embaixador João Alfredo Graça Lima, subsecretário geral do Ministério das Relações Exteriores.

Segundo o assessor para assuntos internacionais do governo estadual, Hélio Leitão, a estratégia, neste momento de preparação é apresentar as potencialidades econômicas do Ceará, “buscando afinidades e convergências que possam reverter na captação de investimentos para o Estado”. Papel que coube ao presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará, Roberto Smith, que enalteceu o desempenho cearense em aspectos como energia, infraestrutura, agricultura e indústria.

‘Boa impressão’

Ainda de acordo com Leitão, nesta visita ao Ceará, os embaixadores têm demonstrado real interesse na economia local, assim como estão impressionados com o que estão encontrando. “Desde o Centro de Eventos ao Porto do Pecém, que recebeu a visita na manha de ontem do embaixador da China”, disse.

Unânimes, os embaixadores dos quatro países visitantes disseram-se satisfeitos com os números apresentados, assim como descobriram oportunidades de incrementar a corrente de comércio e os investimentos com o Brasil e especificamente o Ceará. “Pelo que vejo os cearenses precisam esforçar-se mais em exportar para a China. Diferentemente do Brasil que exporta mais do que importa do nosso país, o Ceará compra mais do que vende. Espero que o Ceará explore mais o mercado chinês, que é um mercado enorme”, destacou Li Jinzhag, embaixador da China no Brasil, destacando as agricultura e energias novas.

O QUE ELES PENSAM

Hora de mostrar potencial

“Essa é a hora de apresentar as potencialidades do Ceará como estratégia de captação de investimentos por parte dos países membros dos Brics. Esse é o papel da Adece e por isso estamos aqui. Temos muito o que mostrar em termos de energias renováveis e infraestrutura, assim como informar sobre a nossa política de atração de investimentos e incentivos fiscais”

Roberto Smith
Presidente da Adece

“Estamos empenhados e trabalhando junto com a CNI afim de que tenhamos muitos frutos a partir desse encontro no sentido de desenvolver as economias de todos que fazem parte dos Brics. Por isso, tenho a certeza de que temos muito a discutir. Estamos fazendo um apelo ao Itamaraty para que consigamos um business networking que marque a 6º cúpula”

Roberto Macêdo
Presidente da Fiec

FONTE: JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE