Dilma quer atrair R$ 123 bi para o setor elétrico

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O plano de atrair R$ 123 bilhões em novos investimentos para o setor elétrico até 2017 é uma das cartas na manga que a presidente da República, Dilma Rousseff, irá levar para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O número faz parte do material de apoio da presidente, que busca em sua primeira presença no evento recuperar a confiança dos investidores estrangeiros na economia brasileira, abalada pelas más notícias sobre a política fiscal e a inflação.

Os dados sobre o setor elétrico foram consolidados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) a pedido da presidência. O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, detalhou que os leilões entre 2014 e 2017 devem contratar 27,575 mil megawatts (MW) de capacidade em novas usinas e ampliar a extensão do Sistema Interligado Nacional (SIN) em 19,658 mil quilômetros. Os números repassados a Dilma mostram ainda que as hidrelétricas continuarão a liderar a expansão da geração e dos investimentos. Em torno de 12,16 mil MW de novas usinas hidrelétricas devem ser contratadas até 2017, cujos projetos demandarão investimentos totais de R$ 44,2 bilhões.

As fontes renováveis de energia também terão uma contribuição importante na expansão do sistema, com a contratação de 13,810 mil MW. Usinas eólicas representam boa parte desse volume, agregando 7,2 mil MW. A novidade é que, pela primeira vez, as usinas solares aparecem com força nos estudos do governo, e a EPE projeta que 2 mil MW da fonte serão contratadas, demandando R$ 10 bilhões de investimentos.

Em transmissão, Tolmasquim explicou que 13.321 mil quilômetros de novas linhas serão licitadas até 2017 e que os projetos de outros 6.337 mil quilômetros devem ser encaminhados ao Ministério de Minas e Energia (MME) para que também sejam ofertadas ao mercado no período. Os novos investimentos estimados para os projetos somam R$ 21 bilhões.

Leilões

Tolmasquim sinalizou ainda que 2014 promete uma agenda intensa no calendário dos leilões de geração. No cenário otimista, o governo federal pode promover até oito licitações, entre leilões de energia nova, existente e de reserva.

Cenário desfavorável

Amanhã, a presidente Dilma Rousseff terá sessão exclusiva de meia hora para falar ao público do Fórum Econômico Mundial. Ela será apresentada pelo fundador e presidente do Fórum, Klaus Schwab, e terá uma chance rara de expor sua política a uma audiência altamente qualificada e formada por empresários, profissionais e políticos de dezenas de países.

Poderá falar de oportunidades de negócios no Brasil e tentar atrair investimentos. Poderá, além disso, tentar recompor a imagem de um governo marcado por maus resultados econômicos e pressionado por agências de classificação de risco.

Seu antecessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi à reunião logo depois da primeira posse, em janeiro de 2003. Tentou vender a imagem de governante confiável e foi elogiado. Dilma preferiu esnobar o Fórum nos três primeiros anos de mandato e recusar os convites. Vai aparecer, agora, no pior momento de seu governo.
A inflação continua alta, com projeções na vizinhança de 6%. O balanço de pagamentos vai mal e a conta comercial teria fechado no vermelho, em 2013, sem os US$ 7,74 bilhões da exportação fictícia de sete plataformas de petróleo.

As contas públicas foram embelezadas no fim do ano com receitas atípicas e grande volume de pagamentos diferidos. Além disso, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial preveem para o Brasil, neste ano, crescimento inferior à média global.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

Posição do Brasil é de defesa

O espaço que o Brasil terá em Davos será destinado muito mais à sua defesa, perante o mundo, diante das incertezas que rondam a nossa economia, do que para mostrar aos participantes seus resultados. A presidente Dilma Rousseff terá que revelar aos empresários, governantes e formadores de opinião, que lá vão estar, aonde o País quer chegar. Nossa política econômica tem sido para apagar incêndios. Não há uma estratégia definida para combater a inflação e fazer com que se cresça a taxas mais robustas. O governo brasileiro tem anunciado, por exemplo, metas as quais não vem cumprindo, desgastando a sua imagem interna e externamente. Falta informação consistente para que os investidores voltem a acreditar no País e retomem seus investimentos aqui. Na sua apresentação, a presidente terá, assim, a grande oportunidade de mostrar seus planos, a consistência da nossa economia, transmitindo, dessa forma, maior grau de confiança ao empresariado internacional. E é por conta de todos os desequilíbrios e insegurança que cercam, atualmente, a nossa economia, como a pressão inflacionária, o aumento da dívida pública, a incapacidade de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a níveis mais elevados e um déficit público que só cresce, é que o Brasil falará muito mais a título de cobrança do que para mostrar algo inovador ou possíveis resultados.

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE