O Ceará, afinal, comemora a produção, em escala, de seus parques de energia eólica

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Depois de longo tempo de desperdício, o Ceará, afinal, comemora a produção, em escala, de seus parques de energia eólica, devidamente conectados com o Sistema Interligado Nacional (Sin). Contudo, a demora na interligação dos dois sistemas fez o Ceará perder a liderança na energia dos ventos no Nordeste.

Pioneiro nesse tipo de empreendimentos na região, por conta das condições excepcionais do seu meio, o Ceará começou bem cedo a instalar os primeiros parques eólicos quando apenas o Rio Grande do Sul (o pioneiro nacional) explorava essa matriz energética. A falta de sensibilidade político-administrativa para com o novo recurso energético adicional determinou o atraso.

No vácuo decorrente dos parques instalados, mas desconectados dos grandes mercados consumidores, entraram Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco e Piauí, conseguindo vencer a corrida. A ausência de linhas de transmissão chegou a inviabilizar, aqui, 82% da nova matriz energética instalada, com capacidade de gerar 500.000 kW.

Esse mesmo descaso vem prejudicando a Bahia e o Rio Grande do Norte, os quais estão com 16 empreendimentos, no primeiro, e 32 no segundo Estado, aguardando a interligação com o sistema nacional de distribuição. Atualmente, o Ceará conta com 29 parques instalados com capacidade para gerar 691.044 kiloWatts (kW). Do total, 23 já produzem em escala comercial.

A energia eólica, contudo, por ser iniciante enfrenta limitações. A geração eólica conseguida, por enquanto, corresponde apenas ao consumo do Estado de Roraima, com 488 mil habitantes. Portanto, ainda há muito chão a percorrer. Por acreditar no futuro, a iniciativa privada vem implantando mais 26 parques eólicos. Eles irão produzir em futuro próximo outros 678.704 kW, elevando a capacidade total do Ceará para 1.944.455 kW. É fator de segurança energética.

A grande matriz energética brasileira – a hidrelétrica – enfrenta crise conjuntural, em face do baixo nível de pluviosidade dos últimos anos no País; a elevação do consumo doméstico, e o desperdício verificado nos sistemas de distribuição d’água, alcançando até 40% da água tratada. De fato, esse quadro é preocupante na medida do crescimento do déficit hídrico dos lagos das empresas hidrelétricas, sem taxa confiável de reposição dos estoques. A água armazenada nas hidrelétricas corresponde à melhor garantia de produção energética.

Entretanto, o raro fenômeno que se registra, com os baixos índices de chuvas no Sudeste e no Nordeste, levou o governo a mudar o tom e admitir possíveis dificuldades no suprimento energético no País, o que negava terminantemente até há pouco. Em relação ao Centro-Sul, a expectativa é de que a dificuldade poderá ser superada em breve, restabelecendo-se o equilíbrio estrutural no setor.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico aponta os reservatórios das Regiões Sudeste e Centro-Oeste como no pior nível registrado nos últimos doze anos, com reservas situadas em 36,28%. No Sul, o armazenamento encontra-se em 44,98%. As previsões apontavam uma quadra chuvosa em janeiro, nessas regiões, da ordem de 96% da média do período. Choveu apenas 54% da média.

Representando um paradoxo, os reservatórios de água das hidrelétricas do Nordeste estão com 42,53% de seus estoques, superiores portanto, à situação encontrada no Sudeste e Centro-Oeste. Situações como estas estimulam a expansão da energia eólica, solar e das marés como alternativa nacional.

FONTE: Diário do Nordeste