Empresa angolana quer agregar valor ao CE

Notícias |

O CEO da empresa Angola Cables, António Nunes, concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Estado, após a assinatura do acordo com a Prefeitura de Fortaleza, que viabilizará a instalação de um cabo submarino ligando Luanda à capital cearense, além da instalação de um data center de grande porte aqui. “A nossa iniciativa surge de uma iniciativa entre os governos de Angola e do Brasil, no sentido de desenvolver uma infraestrutura de ligação de telecomunicações ente os dois países. A relação política, cultural e econômica entre os dois países é muito forte, e como o nosso embaixador disse, já temos uma relação de 40 anos. Então, o que a nossa empresa está realizando é, exatamente, essa intenção de estados. E por que Fortaleza em particular? Primeiro, porque a cidade está relativamente perto de Angola, é um dos pontos mais curtos de travessia do Oceano Atlântico, entre a África e a América do Sul. O segundo grande objetivo é o fato de que a capital cearense já detém muitos cabos submarinos. Então, vamos atracar nosso cabo num HUB regional. Ou seja, Fortaleza já tem este potencial e vamos agregar valor ao ligar-nos aqui, pois, a partir daí, estaremos ligados a toda a América Latina”, explicou.

Ele lembrou que, conjuntamente com a seção de cabos submarinos, a empresa angolana construirá um data center de porte internacional, que terá vida própria, com vantagens comerciais e efetivas, pois o conhecimento e a capacidade intelectual que os fortalezenses e os cearenses possuem, sobre as tecnologias de informação, é muito grande. “Os institutos e as faculdades locais têm toda esta capacidade, o que já é um valor agregado, pois, se juntarmos as iniciativas que o próprio Estado desenvolve, para capitalizar esta fatia de mercado das tecnologias da informação, com a diversidade de interligação internacional que também existe, conjugada ao fato de estarmos trazendo este grande investimento, temos aqui os três pilares de sustentabilidade de um polo tecnológico. Isto vai potencializar a economia regional e, no futuro, dependendo do que o mercado cearense e a capacitação regional possam fazer, chegar a ser um ponto de alternativas à América do Sul e à América do Norte”, disse.

Concessão
O investimento para os dois projetos é da ordem de R$ 35 milhões, por parte da Angola Cables, que receberá em contrapartida, da Prefeitura de Fortaleza, a concessão do terreno na Praia do Futuro, por 40 anos, onde o data center será instalado. “Vamos capitalizar o nosso investimento com a chancela do estado brasileiro, como algo que é útil para agregar valor, tanto para a nossa empresa como para o Estado do Ceará. A instalação do cabo submarino será realizada por um fornecedor japonês que, primeiro, fará um estudo do solo marinho onde o cabo será colocado e, depois, configuramos o cabo em função deste estudo. Posteriormente, com uso de tecnologia de ponta, espacial, pois temos de garantir o serviço por um período muito longo, pelo menos 25 anos, colocaremos o cabo no mar”, lembrou Nunes.
O empresário também destacou a economia de custos que este novo serviço representará para os usuários do sistema. “Fundamentalmente, quando reduzimos o tempo de transmissão de dados, aumentamos a eficiência e, devido ao fato de estarmos instalando uma estrutura (data center) de alta capacidade, o cabo submarino pode ter velocidade de até 40 terabites por segundo (Tbps). O percentual de economia não é fácil de ser calculado, mas, à medida que o tempo vai passando, todas estas eficiências serão ganhas pelo cliente final. E o cabo que vem da África estará interconectado com o que sai de Santos e vai para Miami, através do nosso data center. Vamos garantir que as ligações entre Luanda e Miami, ou São Paulo, serão diretas”, asseverou António Nunes.

Instalação do data center vai depender da demanda
Se tivermos uma demanda muito grande, poderemos implementar toda a área útil do data center, que pode chegar a até 3.000 metros quadrados (m²), dependendo das necessidades do mercado. “Se tivéssemos uma demanda imediata para toda esta capacidade, seria ótimo, pois o instalaríamos todo de uma vez, mas sabemos que não é assim. Inicialmente, vamos construir cerca de 1.000m² de área, podendo triplicá-lo. Com relação à instalação do cabo submarino, o CEO da Angola Cables ressaltou que o projeto demanda cerca de 18 meses de trabalho para a sua implantação. Está em sua fase inicial, devendo ficar pronto no primeiro quadrimestre de 2017.

E, a partir deste momento, nosso investimento vai reter, em Fortaleza, o capital intelectual, com alta capacidade de renda, para gerar o desenvolvimento da economia local. Inclusive, podendo trazer de volta os cearenses que estão fora do Estado, pois não tinham oportunidades aqui. “Todas as grandes empresas de hoje foram formadas no Vale do Silício, onde estavam, juntas, pessoas com alta capacidade intelectual pensando em coisas que podem ser desenvolvidas. E isto é algo que, pensamos nós, não está sendo explorado adequadamente aqui em Fortaleza, que pode ser capitalizado, a partir do desenvolvimento do Polo Tecnológico”, ressaltou.

O CEO da empresa angolana afirmou que toda caminhada tem o seu primeiro passo, a inércia do arranque foi vencida e se, com todas as parcerias, haverá grande possibilidade de o Estado ter um crescimento excepcional no segmento de TI. “Minha mensagem aos investidores cearenses é que acreditem neles próprios, pois podem transformar Fortaleza naquilo que sempre sonharam. Estamos trazendo um grande investimento e queremos colaborar com a iniciativa local. Portanto, é importante somarmos forçar para proporcionar o desenvolvimento tecnológico e econômico do Ceará”, concluiu António Nunes.

FONTE: O ESTADO