Termelétricas pensam em parcerias para garantir segurança hídrica

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As termelétricas instaladas no Ceará analisam a possibilidade de parcerias para garantir a segurança hídrica dos projetos. Atualmente, as empresas Pecém I e II, que trabalham de forma consorciada, pensam em um plano de funcionamento integrado com a Companhia Siderúrgica (CSP).

As duas termelétricas consomem 2.800 metros cúbicos de água, e parte disso vai para o resfriamento das caldeiras. Essa água é desmineralizada e não pode ter nenhum grão de areia ou sal para não comprometer os equipamentos. Portanto, de imediato, as companhias não cogitam a utilização de água do mar nos projetos, embora a ideia não esteja totalmente descartada.

“Grande parte dessa água vira chuva e sai com um nível até melhor de pureza do que a água que chega aqui”, diz Lourival Teixeira, diretor técnico da Energia Pecém, também chamada de Pecém I.

A criação de planos estruturais compartilhados tem sido a saída para resolver carências que não estão sendo resolvidas pelo estado. O presidente da Associação das Empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, Fernando Pessoa Moura, que também responde pela direção técnica da termelétrica Pecém II, acrescenta que planos de auxílio mútuo em várias áreas estão sendo analisados.

As companhias querem criar sistemas de transporte com rotas específicas para evitar o que ocorre hoje, onde cada empresa mantém seu próprio sistema. O plano também inclui a formação de uma brigada de incêndio e treinamentos de segurança.

Eis mais um exemplo de ações da iniciativa privada para romper com a inércia do Estado.

TRABALHO

MERCADO ABERTO PARA TREINAMENTO

Ontem pela manhã, a colunista conheceu as estruturas das termelétricas Pecém I e II para a geração de 80% da energia consumida no Ceará. Durante a visita, pode constatar as oportunidades de negócios e de trabalho na área, muitas vezes perdidas por profissionais locais. Atualmente, as duas empresas geram cerca de 500 postos de trabalho, mas continua sendo difícil recrutar funcionários.

Devido à falta de formação específica e à resistência de técnicos que consideram o Pecém uma região distante, parte das vagas estão sendo ocupadas por profissionais de Santa Catarina, onde o Senai oferece treinamentos específicos importantes para o setor, e por operários que vêm do Piauí.

Outro ponto importante: há um mercado bastante interessante para treinamento, principalmente devido ao rigor da atividade na área de segurança.

MUDANÇAS

TROCA DE CONTROLADORES

As usinas termelétricas Pecém I e II pertencem a grupos diferentes. A primeira faz parte da portuguesa EDP; já a segunda é 50% Eneva e 50% E.ON (operadora de energia alemã). Esse é um mercado em constante ebulição, com mudanças na composição acionária das empresas, devendo ocorrer novas alterações na Pecém II em breve.

As duas termelétricas que atuam no Ceará começaram suas atividades como empresas irmãs, mas em dezembro do ano passado a Eneva vendeu sua participação na Pecém I para a EDP.

“Ninguém dá importância ao pão pela quantidade de pão que existe num país ou no mundo, mas todos medem sua utilidade de acordo com a quantidade disponível para si, e isso, por sua vez, depende da quantidade total” Joseph Schumpeter (1883-1950), economista austríaco

COMPOSIÇÃO

ENERGIAS COMPLEMENTARES

Embora a matriz energética brasileira seja centrada no fornecimento das hidrelétricas, mudanças significativas ocorrem no setor. Lourival Teixeira, da Energia Pecém, explica que o Brasil caminha para um sistema com fontes complementares. As termelétricas movidas a carvão, segundo ele, conseguem atualmente apresentar um preço competitivo e não podem mais serem taxadas previamente como “mais caras”, valendo todas as formas de geração.

Fernando Mourão lembra que a energia solar tem problema de distribuição e a eólica tem seu valor mas, segundo ele, “não se engarrafa vento”. Ou seja: não é possível acumular para depois lançar no sistema na hora de uma necessidade maior.

FONTE: JORNAL O POVO